segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

"O que posso fazer para que o meu filho comece a falar?"

Imagem retirada da net

E porque tantas vezes oiço a mesma pergunta, a mesma dúvida e, às vezes, a mesma angústia: "O que posso fazer para que o meu filho comece a falar?", "Porque é que o meu filho quase não fala e o primo já diz tantas palavras?", ... Já falei várias vezes aqui no blog sobre estratégias que promovem a aquisição da linguagem... Estratégias estas que não têm um objectivo de "tratar" ou remediar. Servem para facilitar, estimular o processo de comunicação de forma mais assertiva.

Os pais são pais e é isso mesmo que se pretende que sejam. Contudo, cada vez mais os pais têm necessidade de informação e se preocupam com o desenvolvimento dos seus filhos. Qualquer conselho que possa deixar aqui tem por base a máxima: Passe tempo com o seu filho! Ou seja, brinque no chão, brinque com tempo, dê importância às suas iniciativas, conheça as brincadeiras favoritas e divirta-se genuinamente a brincar! Não encare o brincar como mais uma tarefa nem esteja demasiado ansioso para que o seu filho fale. Há muitas formas de comunicar: valorize-as!

No post de hoje decidi resumir ou digamos juntar as Estratégias que promovem a Aquisição da Linguagem que já fui abordando em diferentes publicações do blog. Aqui ficam elas:

Minimize as questões directas. Colocar questões do tipo "O que é isto?" ou "O que queres?", numa fase inicial, tornam-se complexas para a criança. Assim, questões e ordens deverão ser evitadas até que exista maior domínio linguístico.

Comente. Siga a criança, observando o que ela faz e fazendo comentários, como se fosse um "diálogo interno". Use conceitos que a criança possa aprender! (ex.: "é a bola", "A Maria está a comer o pão") Os comentários sobre as acções que a criança faz facilitam o desenvolvimento da linguagem.

Espere a vez. Na interacção mostre com uma antecipação visual clara que espera a vez do seu filho participar na interacção. Sempre que a criança fizer um esforço para corresponder a essa expectativa deve ser recompensada. Essa expectativa pode ser promovida das seguintes formas:
- estabelecer contacto visual (se necessário tocando na cara da criança para a virar para si);
- virar a cabeça e o corpo na direcção da criança;
- colocar as sobrancelhas ligeiramente tensas.

Crie situações de comunicação. Encoraje a criança a comunicar espontaneamente criando situações que provoquem essa necessidade. Não antecipe tudo o que ela precisa: leve-a a sentir necessidade de pedir aquilo que quer (ex.: coloque alguns dos brinquedos que ela mais gosta em locais que ela os veja mas não consiga pegar neles sozinha; nem sempre "perceba" logo o que ela quer, finja que não entende e dê-lhe o que ela pediu se ela fizer um som semelhante à palavra).

Use e abuse de gestos e expressões faciais.  O gesto e o movimento são facilitadores ou encorajadores do discurso: capte a atenção da criança com os gestos que faz. Pense em gestos do dia a dia para associar às situações do dia-a-dia. Procure mimar as canções infantis.

Modele formas de comunicar, apresentando um modelo daquilo que a criança deverá dizer. Procure ser um modelo adequado de linguagem em vez de corrigir directamente os erros. Lembre-se que ser constantemente corrigido é frustrante para a criança. Enquanto damos o modelo demonstramos uma atitude afirmativa. Pelo contrário, a correcção mostra que apenas estamos focados nos erros comunicativos e não na sua intenção de comunicar. Procure repetir o que a criança disse de forma correcta e clara.

Reduza a extensão das afirmações: utilize frases curtas sempre que estiver a falar com a criança ou a comentar as suas actividades. Desta forma irá maximizar a compreensão bem como modelar algo que espera que a criança seja capaz de imitar no nível de desenvolvimento de linguagem em que se encontra. Por exemplo, se a criança ainda não é capaz de usar palavras, procure usar maioritariamente palavras ou frases muito curtas; se ela utiliza frases com duas palavras, tente que o seu discurso não tenha frases demasiado grandes. Tente aproximar-se do nível dela, mas uma escadinha acima!

Use um tom, ritmo e volume exagerado: ajuda a captar a atenção da criança. A entoação e volume exagerados facilitam o contacto. Utilize lengalengas, canções infantis, mas deixe espaço para que a criança participe com uma palavra (como na canção "atirei o pau ao gato", deixar que seja a criança a dizer "miau" no final; não se esqueça de criar expectativa neste momento).

Faça sons que acompanhem a actividade física ou as brincadeiras (exemplo: "pi pi" enquanto brinca com o carrinho, faça saltar uma bola enquanto diz "Pim, pim, pim", "Cu-cu", "Aaaaaaa", etc.).

Reforce o contacto visual: olhe para a criança, pois isso é crucial para facilitar a comunicação. Olhe para os olhos da criança e encoraje-a para que faça o mesmo.

Reforce qualquer esforço: para promover e reforçar a comunicação espontânea, deve reforçar toda e qualquer tentativa ou esforço da criança. Não ignore as suas iniciativas comunicativas. Procure responder sempre de alguma forma, verbalmente ou não, mas valorize o esforço da criança para comunicar, mostrando-lhe que é importante para si que ela o faça.

Coloque questões que impliquem acções, tais como "Onde está o nariz da Maria?", acompanhe a resposta da criança com pequenas expressões: "Tá aqui!". Pode também esconder um objecto e dizer "Não há" com gesto em simultâneo. Quando o encontrarem pode aproveitar a atenção da criança para nomear o objecto (exemplo: "É o pato!").

Valorize qualquer som espontâneo que a criança faça: repita-o e brinque com esse som, exagerando-o, mimando-o ou entoando uma música.

Leve a criança a pedir "mais" (exemplo: colocar a criança nas pernas e brincar "ao cavalinho" nos joelhos, parar, dizer "mais" com entoação como se fosse uma pergunta, e esperar a resposta da criança para recomeçar. Faça o mesmo com outras brincadeiras. )  

Divirta-se: fale com a criança de uma forma calma, com um tom e um ritmo agradáveis. Sorria sempre que possível.  Ajude a criança a associar uma boa sensação à comunicação. Seja um pai tranquilo e imaginativo :)

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Change your attitude!!

Imagem retirada da net

Hoje volto novamente às questões do desenvolvimento da linguagem e resumindo os Dois primeiros anos de vida:

1º ano: PRÉ-LINGUAGEM

Fase vocal (0-8/9 meses): nascimento da PROTOCONVERSAÇÃO
Fase Verbal (8/9 meses - 12 meses)

2º ano: FASE PRÉ-LINGUÍSTICA

12-18 meses:      holofrases e jargão predominam
19 meses:           explosão de vocabulário
18-20 meses                                            enunciados de duas a trêspalavras
20-22 meses                                            nascimento da sintaxe e  
22-24 meses                                            fase rápida de aquisição de fonemas


Sobre a estimulação do desenvolvimento pré-linguístico e da linguagem nestas etapas já fui falando bastante aqui, com o tema "Antes de falar já comunico". 

Resumindo e analisando como podemos mudar as nossas atitudes perante uma criança nesta fase de desenvolvimento deixo ficar alguns tópicos adaptados deste livro


Atitudes sem a "mudança de atitudes":
  • Falam com frases compridas e com débito acelerado.
  • Usam linguagem muito acima do nível de competência da Criança, dando mais importância à forma que ao conteúdo da mensagem.
  • Comunicam "retoricamente", com grande preocupação didática.
  • Não esperam e não provocam a resposta da criança. 
  • Acomodam-se à comunicação idiossincrática da criança e não provocam uma performance mais convencional.  
  • Têm expectativas demasiado baixas ou elevadas.
  • Mantêm curtos contactos com a criança sem promover alternância de turnos (dar a vez) verbais e não-verbais.
  • Falam sem, primeiro, obter a atenção da criança.

Atitudes que facilitam a aquisição da linguagem:
  • Melhor capacidade de observação.
  • Seguem a liderança e iniciativa da criança.
  • Respondem aos comportamentos das crianças em vez de serem demasiado "dirigistas".
  • Valorizam pequenos pormenores da comunicação.
  • Facilitam a capacidade de iniciativa da criança.
  • Respeitam o turno de conversa da criança e incentivam-na a tomar a sua vez.
  • Nomeiam acções, objectos, sentimentos, ...
  • Respeitam as expectativas reais.
  • Passam do discurso "ainda não faz..." para o "já...".
  • Estimulam sem bombardear.  

Imagem retirada da net



Lembre-se que a linguagem é um conceito quase que se pode dizer omnipresente, ou seja, praticamente todas as actividades envolvem linguagem de uma forma ou de outra, pelo que procure ser assertivo nas trocas comunicativas, especialmente com crianças. 






Fonte: 
Rigolet, S. (2006) Para Uma Aquisição Precoce e Optimizada da Linguagem. Porto Editora.

No Mundo dos Piratinhas está no Facebook
 
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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Sabia que...

Respirar pela boca pode causar problemas no desenvolvimento da face??

Imagem retirada daqui
A respiração oral poderá ter uma origem simples, como uma obstrução nasal, que quando não resolvida, poderá ter implicações em todo o organismo, tais como: crescimento da face, problemas respiratórios, postura e forma de andar e desenvolvimento cognitivo.
A história clínica da pessoa com respiração oral é característica, encontrando-se com frequência: amigdalites recorrentes, rinite alérgica, hipertrofia de adenóides, etc… São referidos também ressonar, mau hálito, síndrome da apnéia obstrutiva do sono, irritabilidade e/ou agressividade sem causa aparente.

O que poderá causar a respiração oral?

Os hábitos cronicamente adquiridos e mantidos, tais como o uso prolongado de chupeta e biberão com bico inadequado (a postura errada do biberão poderá dificultar a respiração pelo nariz).
A posição do bebé no berço também pode ser causa de respiração oral, pois se ele estiver mal posicionado não conseguirá respirar pelo nariz.

Existe ainda o hábito de respirar pela boca, apesar da possibilidade de respirar pelo nariz, que atualmente é denominada disfunção, isto é, a pessoa não respira pelo nariz devido aos anos de obstrução real que a impediram de respirar adequadamente, os seus lábios adquiriram uma posição incorreta, ocasionada pela falta de tonicidade. Nestes casos, sugere-se que procure um terapeuta da fala que ajude a aprender a respirar pelo nariz, bem como a reestabelecer o equilíbrio da musculatura orofacial. O facto de ser respirador oral compromete o desenvolvimento e posicionamento dentário e da mordida.

Imagem retirada daqui
O desenvolvimento assimétrico dos músculos, como dos ossos do nariz, maxila e mandíbula, é uma desorganização das funções exercidas pelos lábios, bochechas, e língua. Os efeitos da respiração oral são sempre manifestados na face. O nariz é pequeno e curto; as bochechas ficam pálidas e baixas; a boca fica constantemente aberta; o lábio superior é curto; a mandíbula fica posicionada para trás e parece pouco desenvolvida, sendo geralmente menor que o normal em comprimento, provavelmente devido a pressões não equilibradas dos músculos.
O utente com obstrução das vias aéreas está frequentemente doente, sentindo-se cansado devido à diminuição da qualidade do sono, chegando às vezes a ter problemas de insónias. Durante o dia podem apresentar muita agitação ou demasiada passividade, têm dificuldades em concentrar-se ou em fazer novas aprendizagens.
A prevenção deve ser feita por todos os profissionais de saúde, principalmente por médicos, dentistas, terapeutas da fala.

A sinalização precoce evita o agravamento dos sintomas e alterações da face, isto é, se a respiração oral for devidamente tratada ainda em fase de crescimento.

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domingo, 19 de agosto de 2012

Sinais de alerta_Dificuldades de Aprendizagem

Imagem retirada da Net

Agosto... Para grande parte das famílias significa férias! Mas também tempo de preparar o regresso às aulas, de preparar o novo ano escolar..

Hoje sugiro que esteja atento a alguns sinais que o seu filho possa mostrar que poderão indicar Dificuldades de Aprendizagem:

Idade Pré-escolar: 

- Dificuldades de evocação semântica;
- Dificuldades de discriminação auditiva;
- Dificuldade em memorizar canções e lengalengas ou em fazer exercícios rítmicos;
- Dificuldade na aquisição de conceitos temporais e/ou espaciais;
- Dificuldade na escrita do nome;
- Dificuldade em identificar formas ou a figura-fundo;
- Lateralidade não definida;
- Dificuldade em identificar rimas ou fazer segmentação silábica.


Idade Escolar

- Dificuldade na interpretação de textos (leitura e cálculo);
- Confunde sinais aritméticos;
- Evita frequentemente actividades que impliquem leitura;
- Narrativa pobre e desestruturada no espaço e no tempo;
- Leitura hesitante, silabada e pouco fluente;
- Escrita com omissões, adições ou trocas de sílabas e/ou fonemas;
- Acentuação incorrecta de palavras longos ou pouco familiares;
- Substituição de grafemas com forma escrita semelhante;
- Dificuldade em distinguir letras maiúsculas de minúsculas;
- Dificuldade em memorizar recados ou outras informações.

Esteja atento e divirta-se nas férias!!!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

A Importância do Jardim de Infância


Li aqui há dias uma crónica do Eduardo Sá em que ele abordava o tema Jardim de Infância e quanto este deve ser um espaço positivo, de brincadeira e sem limites à imaginação. Dizia ele também que todas as escolas deviam ser "jardins de infância". 

Cada vez mais acho que as escolas além de ensinarem a ler, a escrever, a contar devem capacitar os seus alunos com "ferramentas" que os preparem para a vida, com espírito de iniciativa e atitude empreendedora. Isto consegue-se num ambiente positivo e motivador, onde as crianças são as mais importantes e suas dúvidas e perguntas são sempre alvo de atenção e pesquisa. A escola deverá ser um local de experimentação sem julgamentos ou conotações negativas. 

No dia-a-dia encontro muitas vezes pais que encaram a escola como um local onde deixar os filhos e não são assertivos quando falam da escola, parece quase um castigo! 

A escola não é nem deve ser um trabalho! A escola deve ser divertida e estimulante!

Será necessário ralhar para ensinar e para controlar o comportamento?  

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sexta-feira, 11 de maio de 2012

Linguagem e Fala... São sinónimos??

Tenho andado um pouco ausente do blog porque a clínica assim o tem exigido. Recentemente começaram a fazer terapia um grande número de meninos em simultâneo e que ainda estão no pré-escolar. Ao fim de algumas sessões tento sempre agendar reuniões com as educadoras e, sempre que possível, desloco-me aos jardins de infância que frequentam. Contudo, isto, juntamente com as actividades na sala de aula dos meninos que vou fazendo e construindo, faz com que o meu tempo fique mais reduzido. 

Nas conversas que tenho tido ultimamente com as educadoras têm-se levantado algumas questões que me parecem pertinentes para abordar aqui. Uma das coisas que preciso muitas vezes de esclarecer quando abordamos os perfis dos meninos e as estratégias a usar é a diferença entre Linguagem e Fala. 

A Linguagem 



A Linguagem serve de veículo à comunicação:

-žConstitui um instrumento social usado em interacções visando a comunicação.
ž
- Facilita aprendizagens individuais e sociais.

- žÉ essencial à vida escolar e social da criança.



A Linguagem é um sistema convencionado, complexo e dinâmico de símbolos arbitrários que são combinados de modo sistemático e orientado para armazenar e trocar informações.


O Desenvolvimento da Linguagem resulta da interacção complexa entre as capacidades biológicas inatas (estrutura anatomofuncional) e a estimulação ambiental, e evolui de acordo com a progressão do desenvolvimento psicomotor. Este é um processo contínuo que ocorre de forma ordenada e sequencial em diferentes etapas de desenvolvimento.
Existem diferentes teorias que explicam o desenvolvimento da Linguagem, contudo, não me parece que seja pertinente abordá-las aqui. 

Então, a que nos referimos quando falamos de linguagem?

O processo de aquisição da Linguagem envolve o desenvolvimento de 4 áreas interdependentes:

Semântica - Aquisição e uso de vocabulário. Refere-se ainda ao estabelecimento de relações entre conceitos.

Fonologia - Percepção e produção dos sons e suas combinações para formar palavras.

Morfossintaxe - Morfologia: Aquisição e uso das regras relativas à formação interna das palavras (exemplos: plurais, flexões verbais, conjunções, concordâncias, graus de adjectivos,…).

                        - Sintaxe: Regras de organização das palavras em frases.

Pragmática - Uso comunicativo da linguagem num contexto social.

Dependendo das idades esperam-se diferentes competências linguísticas, que na literatura vêm referidos muitas vezes como "Marcos do desenvolvimento da linguagem". 

E o que é a Fala?

“A Fala é um modo de transmitir mensagens (comunicar) e envolve uma precisa coordenação de movimentos neuromusculares orais, a fim de produzir sons, através de um processo de articulação dos mesmos.” Franco, Reis e Gil, 2003


A Fala é o modo mais comum de concretização da linguagem e envolve:

- Respiração

- Fonação (voz)

- Ressonância

- Articulação

- Fluência


Quando caracterizamos a fala de um criança é necessário estar atento à forma como ela articula os sons. Para interlocutores que não sejam tão treinados como um terapeuta da fala esta tarefa pode ser difícil de analisar apenas com a conversação. Assim, aconselho que escolham actividades mais dirigidas, como livros, lotos ou até fazer uma colagem com imagens dos panfletos que todos os dias aparecem nas caixas do correio. Desta forma, o débito do discurso diminui e poderá ouvir palavras de forma mais isolada. Tente perceber se a criança não diz os sons, se os troca de forma consistente ou produz de forma distorcida.

À clínica chegam crianças precocemente para serem avaliadas quando existe um problema relacionado com a fala, com queixas "não fala bem", "não o entendemos" ou quando não diz determinado som. Crianças com dificuldades de linguagem mas em que a fala não representa uma preocupação para pais e professores passam muitas vezes despercebidas e só em idade escolar é que são sinalizadas e devidamente encaminhadas. 

Mais uma vez, esteja atento ao desenvolvimento da sua ou das suas crianças!  

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Dia Mundial da Voz!

Disfonia Infantil 

Ao longo do tempo tenho sentido que existe uma maior sensibilidade para as questões da voz em crianças e cada vez aparecem mais crianças para tratamento.

Uma perturbação da voz é similar em adultos e crianças, contudo a abordagem e os procedimentos terapêuticos são necessariamente diferentes. 

Por norma as crianças estão inseridas em ambientes muito barulhentos e têm tendência para gritar, pelo que é importante que esteja atento às consequências destes abusos vocais.


Existem comportamentos, além de gritar, tais como fazer birras de forma descontrolada, imitar vozes de animais/sons do ambiente, falar muito e/ou muito alto durante longos períodos que constituem maus usos da voz. 

Como pai deverá estar atento à qualidade da voz do seu filho, se é muito rouca, se tem quebras de sonoridade, bem como à necessidade de um teste auditivo. Se tem dúvidas procure um otorrinolaringologista (para conhecer o funcionamento das cordas vocais e verificar alterações orgânicas) ou um terapeuta da fala. 

Ao longo da intervenção terapêutica o terapeuta da fala irá fornecer algumas estratégias, que não têm um cariz proibitivo, mas que pretendem a consciencialização da criança e da família sobre a necessidade em mudar atitudes e adoptar novos comportamentos promotores de boa saúde vocal.



Cuide da sua voz! E cuide da voz do seu filho! 

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Ler é importante! Quando devo começar a usar livros?

Partilhar um livro desde cedo com o seu filho é essencial para potenciar o desenvolvimento da linguagem!
Leia para o seu filho, incentive o gosto pelos livros e pela leitura. Todos os pais se preocupam com o sucesso escolar dos filhos e em como ajudar nesse sentido. Trabalhar a leitura, escolher o livro e o material certo de acordo com a idade poderá ser um factor de bom prognóstico de sucesso escolar posterior. Contudo, tenha atenção que ler não significa apenas ter um livro na mão! Leia, mas leia com gosto e transmita esse gosto ao seu filho. Procure ser criativo e expressivo. Tenha presente que as rimas, as lengalengas, os contos tradicionais, as músicas cantaroladas, muitas vezes pelos avós, têm um peso muito importante na formação inicial das competências leitoras.



Dos 0 aos 6 meses

Escolha livros feitos de cartão grosso, de pano ou plastificados, com páginas que devem ser fáceis de virar. Nesta fase a criança gosta de observar os livros, mostra interesse por imagens muito coloridas e grandes. O bebé leva os livros à boca e estabelece um primeiro contacto com muitos outros objectos.



Imagem retirada deste sítio.



Dos 12 aos 24 meses

Nesta fase o bebé já se senta sozinho e é capaz de agarrar e transportar o livro. 

A criança consegue segurar o livro na posição correcta e dá-o ao adulto para que o leia.

Escolha livros coloridos, com imagens ou fotografias que incluam crianças, brinquedos e objectos do quotidiano. Procure que os livros tenham acções que representem situações familiares, como dormir, comer e brincar, com poucas palavras, basta uma frase por acção.



Imagens retiradas daqui.



 
A partir dos 24 meses

A criança aprende a segurar bem o livro e a virar as páginas entre os dois e os três anos. 
Já procura para a frente e para trás as ilustrações que conhece e que mais gosta. 

Relaciona o texto com a imagem e diz as frases completas de cor, como se estivesse a ler. 

Os livros mais adequados continuam a ser os coloridos, com páginas em cartão ou em papel. 

Procure escolher os livros que têm pequenas histórias sobre crianças e famílias ou com temas como amigos, alimentos ou transportes.







Imagens retiradas daqui

Boas leituras!

Texto baseado no artigo "Os primeiros livros, promoção da leitura dos 0 aos 3 anos" da revista O Nosso bebé, nº 2, edições Goody S.A.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Dia Mundial do Autismo


Num dia em que tanto se fala de Autismo, em que o Azul é a cor que irá iluminar vários monumentos, deixo um texto que não é da minha autoria, mas que decidi partilhar por achar que fala de autismo de uma forma simples, sem definições complicadas e é desmistificador. 

"Mundo Meu

Uma viagem ao universo complexo das crianças autistas


Guiados por Nuno Lobo Antunes, neuropediatra, e Teresa Brandão, consultora científica no centro CADIN, procuramos conhecer melhor o autismo na infância. Entre connosco no mundo das crianças autistas e compreenda-as melhor.
Estima-se que, em todo o mundo, cerca de cinco em cada dez mil crianças sofre de autismo, patologia que se traduz no défice cognitivo e perturbações comportamentais, de sociabilização e linguagem, com reflexo no seu comportamento.
Especialistas afirmam que resulta de uma perturbação do desenvolvimento do sistema nervoso que afeta o funcionamento cerebral a vários níveis e que ocorre ainda antes do nascimento. A diversidade de diagnóstico, tanto pelas áreas afetadas como pela gravidade, justificam a designação de perturbações do espectro do autismo.
A sua origem é complexa. Parte da responsabilidade recai sobre os genes, mas o autismo pode estar igualmente associado a rubéola materna, doenças metabólicas ou a síndrome do X frágil, este último talvez uma das explicações para que quatro em cada cinco casos sejam do sexo masculino.
Ter já um filho com autismo aumenta a probabilidade, como refere Nuno Lobo Antunes, «cerca de três por cento, uma incidência semelhante à que se verifica nos gémeos falsos». «Pelo contrário, nos gémeos verdadeiros a probabilidade de ambos serem autistas pode atingir os noventa por cento. É uma realidade complexa que não implica um gene mas um conjunto de genes», explica.
Definitivamente abandonada está a ideia de que o autismo resulta da falta de carinho materno. Apesar de afetar o comportamento, a sua origem não está nas emoções, como exemplifica o especialista, «não há nenhuma ligação definida entre aspectos emocionais na gravidez e o aparecimento do autismo. É o resultado de uma disfunção cerebral. Nasce-se autista».
Mínimo detalhe
Na maioria das vezes é apenas aos dois, três anos, que o autismo é detectado, pois «envolve dificuldades de sociabilização e comunicação e, antes de ter sido atingido um ano de idade, esses aspectos ainda não estão suficientemente desenvolvidos», afirma o neuropediatra Nuno Lobo Antunes.
Em alguns casos mais raros, a criança pode evoluir normalmente nos primeiros anos, contudo, por norma, este período de desenvolvimento não excede o terceiro ano de vida.  
Nos primeiros meses, as alterações podem ser muito subtis, como a falta de contato ocular com a mãe ao mamar, uma postura demasiado rígida ao colo ou pouca receptividade ao contacto físico. Numa fase posterior, destaca-se a expressão facial ou comportamento fora de contexto, e o pouco interesse por aquilo que a rodeia.
Por exemplo, a criança não aponta, não olha para onde a mãe está a olhar, não chora ou não se defende quando lhe tiram um boneco da mão. Isolamento, dificuldade em interagir com as pessoas, interesses restritos e ações repetitivas são outros indícios que devem colocar os pais em estado de alerta.

Dicionário ilustrado

Um dos principais sinais de alarme surge com a aquisição da linguagem que, nestas crianças, pode ocorrer onze meses mais tarde, sendo que cerca de nove por cento nunca chega realmente a falar. Muitas vezes, a linguagem pode limitar-se à vocalização, ao uso repetitivo ou inadequado de expressões, vocabulário limitado e até à criação de um idioma próprio.
Noutros casos verifica-se uma regressão, ou seja, a criança dizia algumas palavras e deixa de o fazer. A ausência de comportamentos de imitação (peça-chave no desenvolvimento infantil) torna a aprendizagem mais difícil. Um dos trunfos a usar é a memória visual, mais apurada do que a auditiva. Ao ilustrar as palavras com imagens ou desenhos a criança obtém pistas visuais que a ajudam a concentrar-se e a reter a informação. Perguntas como «o que é isto?» são de evitar pois funcionam como fonte de ansiedade.
Manual de ajuda
Brincar ao faz de conta ou fazer jogos de grupo típicos da infância não despertam interesse nestas crianças.
Por vezes, a fraca resposta a estímulos externos leva os pais a pensar que se trata de surdez.
Algumas parecem imunes à voz mas têm sensibilidade extrema a sons comuns como o do telefone, outras possuem um limiar à dor elevado. A percepção sensorial varia, caso a caso.
Com uma capacidade cognitiva, em regra, reduzida (calcula-se que em cerca de setenta e cinco por cento das situações) existem, no entanto, casos em que as crianças autistas têm aptidões fora do comum, como, por exemplo, uma memória acima da média. O autismo caracteriza-se por comportamentos desajustados, repetitivos e pela tendência em seguir rotinas rígidas, o que leva as crianças a sentirem-se perturbadas quando há alterações ao seu ambiente, como uma simples mudança de lugar à mesa.
Organizar um horário em que a sequência de actividades diárias da criança (por exemplo, o cto de levantar-se, tomar banho e vestir-se) esteja representada através de  figuras ajuda a estruturar a sua rotina e a saber que comportamento é esperado em cada situação. 

Actuar logo

Uma intervenção precoce só é possível se houver um diagnóstico precoce. Fazer o acompanhamento médico da criança e alertar o pediatra caso exista uma perturbação de comportamento, comunicação ou sociabilização permitem identificar o problema e encaminhá-la para uma consulta especializada. Visto muitas das alterações comportamentais serem pouco visíveis em termos biológicos ou na estrutura cerebral, o diagnóstico é essencialmente clínico, baseado na observação e avaliação de comportamentos.
Uma vez identificadas as áreas em que a criança apresenta dificuldades, é elaborado um plano de intervenção específico, com base em terapias comportamentais. Embora existam fármacos para combater alguns sintomas associados a esta patologia, como a ansiedade ou a falta de concentração. «Não existem medicamentos, nem vitaminas, que curem o autismo ou que melhorem a capacidade de sociabilização e empatia. Portanto, são utilizadas técnicas comportamentais para tentar minorar e melhorar o comportamento das crianças com perturbações do espectro autista», afirma Nuno Lobo Antunes."


sexta-feira, 30 de março de 2012

Atitudes promotoras de desenvolvimento da linguagem (3-4anos)


Depois de ter falado aqui sobre os marcos de desenvolvimento da linguagem esperados entre os 3 e os 4 anos de idade, deixo hoje algumas orientações para esta fase:

- Brinque aos sons. Imite sons do ambiente (animais, aspirador, instrumentos musicais, ...) e peça à criança para descobrir de que será.

- Encoraje o gosto por rimas, através  lengalengas, canções, histórias com rimas, ... Inventem rimas para os nomes das pessoas lá de casa e frases com essas rimas (ex.: João-avião; O João tem um avião).

- Construam "livros" com imagens retiradas da internet ou até mesmo recortadas dos panfletos dos hipermercados que nos chegam a casa quase diariamente. Escolha temas (ex.: animais, casa, escola, alimentos, profissões, ...) e faça colagens por grupos, escolha puzzles ou jogos de associações, pode desenhar ou colar imagens para construir dominós com estes temas, ... Use estas actividades para simplificar a memorização de conceitos linguísticos.


Use as actividades propostas para promover no seu filho hábitos de pesquisavontade de encontrar respostas.

Enquanto adulto/pai procure: 

- induzir desafios ao nível das competências da criança 
- não subestimar a criança, provocando espírito crítico
- propor e não impor, sugerindo soluções e sem resolver em vez da criança
- demonstrar e não impor  a repetição
- promover competências de reflexão em vez de dar respostas. 
- ter cuidado com o modelo linguístico que fornece. 




A criança desta idade já começou a etapa dos "porquês" e iniciou os primeiros "porques", pelo que mostra que descobriu as relações causa e efeito e é capaz de as exprimir. O papel do adulto deverá passar por incentivar a procura de relações deste tipo e a sua explicação. 






Imagens retiradas da internet (a imagem dos panfletos tal como indicado na própria imagem foi retirada do site www.organizaracasa.com)
Fonte:
Rigolet, S. (2006) Para Uma Aquisição Precoce e Optimizada da Linguagem. Porto Editora. 

sexta-feira, 23 de março de 2012

O que esperar dos 3 aos 4 anos?

Falei aqui sobre o que esperar do desenvolvimento da linguagem entre os 2 e os 3 anos de idade, como forma de pais e educadores estarem alerta. Hoje deixo ficar os marcos de desenvolvimento esperados entre os 3 anos e os 4 anos, salvaguardando mais uma vez que existem diferenças individuais e que é necessário criar oportunidades para que o desenvolvimento ocorra.
Então,

dos 3 aos 4 anos

A criança:


• Produz frases simples com 4/5 palavras. Próximo dos 4 anos, já produz frases maiores, usando “e”, “mas”; 

• Inicia o uso de artigos indefinidos (um, uma , uns, umas), preposições (do, da, dos, das, ao, ...). Usa advérbios (bem, mal, ontem, primeiro, ...); 

• Compreende conceitos básicos de cor, forma, tamanho e localização

• Executa ordens com dois itens;

Responde a perguntas simples (quem? que faz? o quê? onde?); 

Relata factos ouvidos, acontecimentos que lhe foram contados, sem os ter vivenciado. 

• A nível pragmático: aprimoram e intensificam o uso das funções comunicativas. Na conversação: fazem perguntas sobre referentes ausentes; os turnos são inteligíveis e coerentes com o turno anterior.


Surgem indicadores de uma sensibilidade linguística (domínio implícito e inconsciente das regras linguísticas):

- fonológica : gosto por rimas. 

- morfo-sintáctica : identifica que algo “soa mal”, e pode começar a corrigir as suas produções e dos outros. (“eu fazi” __ “eu fiz” / “mais bom” __ “melhor”) 

- semântica: quando realiza pedidos de esclarecimento, sobre o significado de palavras quando as ouve pela primeira vez. (“O que é...?”)

Por volta dos 4 anos articulam correctamente a maior parte dos fonemas do português. Dos 3 para os 4 anos vão desaparecendo mais alguns processos fonológicos (trocas normais no desenvolvimento):

Sempre que tem dúvidas procure informar-se! 

terça-feira, 20 de março de 2012

Caixinha de momentos...

Vivemos dias em que se ouve falar de crise, de stress, de falta de tempo, dos filhos e da família, do que se dá e do que se recebe... Deixo hoje uma publicação relacionada com o dia de ontem, o dia do pai, que não foi feita, escrita ou pensada por mim, mas que merece todo o destaque... Que a partilha de momentos entre a Sónia, o Martim e o papá vos inspire :)


"A minha amiga e colega terapeuta Daniela pediu-me para partilhar no seu blog a prenda que eu e o meu filho Martim de 2 anos criamos para o Dia do Pai.
Para celebrar esse Dia, eu queria oferecer  ao pai do meu filhote algo de muito especial e que proporcionasse momentos em família.

Criamos a “Caixa de momentos”.


Na “Caixa de momentos” colocamos 12 bilhetes, um para cada dia 19 de cada mês até ao próximo Dia do Pai. Em cada bilhete, um momento:




- Papá, lê-me uma história!

- Papá, dá-me um beijo babado!

-Papá, dá-me um grande xi!

-Papá, vamos tirar uma fotografia!

-Papá, vamos ter uma tarde especial em família!

- ….






Por vezes, esquecemo-nos que são nos pequenos momentos do dia-a-dia que se incutem valores de Família. E, nesses momentos, ao partilharmos uma actividade, ACONTECE COMUNICAÇÃO, ACONTECE LINGUAGEM, ACONTECE DESENVOLVIMENTO.

Saibam viver de pequenos momentos!
Valorizem os momentos vividos em família!"

Sónia Silva Ribeiro
Terapeuta da Fala na clínica Fisiorad, em Felgueiras
sonianjos2@gmail.com 

A importância dos pais

Tendo sido ontem o dia do pai e, apesar de achar que o dia do pai, o dia dos pais (!), é todos os dias ou a família não estivesse presente todos os dias, decidi falar um bocadinho sobre a importância da interacção entre os pais e as suas crianças ao longo do desenvolvimento.

Muitos estudos têm demonstrado que a interacção parental influência o desenvolvimento de competências intelectuais e sociais da criança. É através da interacção com o outro que se aprende a lidar com as regras sociais e comunicativas e, neste processo, os pais são promotores de aprendizagem.

De uma forma geral, a investigação tem mostrado que pais assertivos e responsivos dão maiores oportunidades para um desenvolvimento positivo em crianças que possam estar em risco (mesmo quando comparadas com outras crianças que vivem em condições mais favoráveis e com estatuto sócio-económico mais elevado, mas com práticas parentais negativas).


A qualidade das interacções parentais é fundamental no desenvolvimento comunicativo da criança, pois é através das trocas diárias que pais e filhos interagem e se influenciam mutuamente. Assim, pais que respondem e interpretam as iniciativas da criança, seguindo o seu foco de atenção, interesses e motivações contribuem de forma positiva para o desenvolvimento da linguagem, comparativamente com pais que ignoram as iniciativas da criança ou dirigem a sua atenção para outros referentes que não o seu foco de atenção.

Em caso de existir risco para o desenvolvimento da linguagem é aconselhável procurar ajuda. Os pais terão que ser instruídos para se adapatarem às competências actuais dos seus filhos e para interpretarem de forma clara e evidente as intenções comunicativas não-verbais  das crianças.

O papel dos pais é educar e amar, mas em certas circunstâncias também precisam de ser "educados"!


Quando comecei a trabalhar era raro aparecerem na consulta ambos os pais, era como se a terapia da fala fosse "coisa de mães". Actualmente, sinto que os pais-homens são mais participativos no dia-a-dia dos filhos e é frequente na primeira consulta ter o pai e a mãe, ambos a demonstrar interesse, a fazer perguntas e a tentar ajustar-se. Por vezes, vem primeiro a mãe e seguir já traz o pai também. Sinto que os pais-homens vêm sempre um pouco mais envergonhados no início mas acabam por se revelarem boas surpresas: conhecem bem as rotinas, os gostos, as competências e as dificuldades dos filhos. 

Devo dizer que em matéria de brincadeira o meu pai sempre foi muito disponível e próximo. Que a intimidade e a confiança também se desenvolve a brincar e que aprendi muito com o meu pai! Não consigo deixar de dizer que fui e sou uma sortuda :)
   
Imagens retiradas da Internet

sábado, 17 de março de 2012

Dormir nem sempre é fácil!

Hoje não trago um tema directamente relacionado com a terapia da fala ou o desenvolvimento comunicativo, mas que ainda assim faz parte da vida dos pais com quem me cruzo. 


As questões do sono são sempre algo difíceis de gerir com a criança e entre o casal, mais os palpites das avós, dos amigos, ... Enfim! Como ainda não tenho filhos não posso partilhar a minha experiência, por isso procurei a opinião de um especialista, daquelas não radicais e que só contribui para angustiar os pais. Sim, porque é esta sensação que me transmitem a maior parte deles, angústia e, por vezes culpa. 



Considero que, como já referi em outros post's, a rotina é importante, bem como o cumprimento de regras. Existem diversos livros com conselhos, planos, repletos de dicas,  que se puderem vale a pena ler com atenção. Contudo, partilho da opinião do médico do artigo que hoje trago, que refere que cada criança é diferente das outras e que as regras não funcionam com todos. Há bebés realmente irritáveis. Dormir com os pais? Bem... promover autonomia é importante, Amar também! O truque parece-me estar num conjunto de comportamentos e não num único. Seja assertivo durante o dia com os comportamentos do seu filho. Não lhe transmita que se sente culpado com algo e seja carinhoso para lhe dar segurança.     


De acordo com o Especialista: «As regras não servem para todos» Pôr um bebé a dormir com os pais é ou não um erro do ponto de vista educacional? De todo, diz Pedro Caldeira da Silva, pedopsiquiatra do Hospital Dona Estefânia. Pode até ser a solução para alguns problemas. O médico dá o exemplo dos bebés irritáveis ou difíceis de acalmar. Dormir com os pais é, por vezes, o caminho para a tranquilidade. Esse é, aliás, um dos conselhos terapêuticos que frequentemente dá quando lhe surgem casos desses. O medo de que os bebés se tornem «mimados» ou cheios de vícios por dormirem com os pais é infundado, esclarece Pedro Caldeira da Silva. «Dormir em família pode ajudar a regular o sono. Os bebés tornam-se mais calmos e os pais mais tranquilos.» Cada bebé é um bebé, diz Pedro Caldeira da Silva, e há bebés que «para se sentirem bem, precisam de dormir com os pais.» Outros não. É por isso que o médico raramente dá conselhos sobre o sono das crianças. «O que eu digo aos pais é: conheça o seu bebé.» Tal como os adultos, «as crianças têm necessidades individuais e características diferentes. Nenhuma regra serve para todas.» Desaconselhar (ou aconselhar!), genericamente, o cosleeping é, por isso, simplista. «Os especialistas metem-se muito onde não são chamados, inclusive na cama dos pais. Há muitas maneiras de adormecer um bebé.» 

in "Pais & Filhos"


 E você, o que fez ou faz na hora de dormir? E quando o bebé acorda a meio da noite?

Não existem respostas mais verdadeiras que outras...

sexta-feira, 16 de março de 2012

Respiração Oral...Informe-se!


Nesta época do ano, por ser primavera, fala-se sempre mais de respiração oral, em parte porque os processos alérgicos se agravam.
Ser Respirador Oral , ou seja respirar pela boca, é uma adaptação patológica, muitas vezes inconsciente, que resulta da dificuldade em respirar pelo nariz. Por norma, é uma compensação!

A obstrução nasal e decorrente respiração oral pode ter várias causas, de entre as quais:
- hipertrofia das amígdalas ou das adenóides (quando são grandes deixam menos espaço para o ar passar e a criança respirar);
- rinites
- sinusites
- inflamações
- infecções respiratórias crónicas   
- malformações
- desvio de septo
- presença de corpos estranhos

Independentemente da causa, esteja atento a algumas características típicas e que poderá identificar facilmente como sintomas de Respiração oral, ainda que algumas delas poderão já ser tidas como consequências:

  • boca aberta durante o dia ou lábios entreabertos com a língua "no meio" dos dentes
  • ronco
  • sono agitado
  • dificuldade em respirar durante o sono
  • olheiras 
  • baba durante o sono
  • sonolência diurna, com agitação (por vezes agressividade) ou apatia
  • dificuldade em concentrar-se nas actividades
  • dor de cabeça de manhã
  • falta de apetite e de prazer em comer (muitas vezes preferência por alimentos líquidos e pastosos)
  • dificuldades em identificar odores
  • cansaço
  • infecções respiratórias frequentes.

Esteja atento e caso verifique alguns destes sintomas fale com o seu médico de família ou, se tiver oportunidade, procure um otorrinolaringologista para uma avaliação mais específica. 

Tenha presente que as infecções frequentes nas vias respiratórias superiores podem levar à ocorrência de otites repetitivas, podendo diminuir a capacidade auditiva durante alguns períodos de tempo. Esta diminuição da capacidade auditiva poderá ter repercussões significativas no desenvolvimento da linguagem. no comportamento, na capacidade de atenção e aprendizagem, com prejuízo a nível escolar.      


Tratar a respiração oral deve ser uma preocupação desde cedo, de modo a evitar ainda comprometimentos a nível do crescimento da face e alterações dentárias. Desde que tratada precocemente é possível evitar danos de natureza permanente e proporcionar à criança uma melhor qualidade de vida (e à família também, porque noites mal dormidas e dias agitados são difíceis para todos!). 
  
Após a avaliação do médico há a necessidade de reequilibrar o tónus e a postura dos orgãos fonoarticulatórios, realizando exercícios específicos para tal, bem como adequar as funções que possam estar alteradas, ou seja, além da fala, a mastigação ou a deglutição. Nesta fase, procure um Terapeuta da Fala

Se tem dúvidas... Informe-se! Não espere...


Imagens retiradas da internet
Fonte:
Aulas de "Respiração oral", leccionadas pelo Terapeuta Ricardo Santos, na Pós-Graduação de Motricidade Orofacial, Isave, 2009-2010. 

quinta-feira, 15 de março de 2012

Brincar...com uma caixa de formas!

Uma das perguntas que me fazem com frequência, logo nas primeiras sessões, é se recomendo brinquedos específicos ou se os que têm lá em casa serão adequados. Por vezes, acontece que de facto os brinquedos são demasiado infantis... Mas de uma forma geral, parece-me que explorar o brinquedo de forma adequada é o mais complicado, ou... sentir confiança na forma como o fazem parece ser o maior desafio para alguns pais!

Escolhi um jogo que de uma forma geral existe em quase todas as casas: uma caixa de formas!


Bebé
  • Coloque a caixa de formas e várias formas coloridas em frente ao bebé e deixe-o brincar livremente.
  • Converse com o bebé sobre o que ele está a fazer, deixando-o manusear os objectos.
  • Deixe o bebé descobrir como abrir a caixa. Esvazie a caixa de formas e diga ao bebé que volte a enchê-la. Mostre-lhe o que pretende.
  • Faça turnos de brincadeira, ora põe a mãe, ora o bebé!
Este tipo de actividade permite desenvolver a noção de vez na interacção, a coordenação entre as mãos e os olhos, bem como a competência para manusear objectos. 

Crianças de 1 a 3 anos
  • Enquanto a criança brinca com as formas e as despeja, deixe-a explorar a forma como cada peça encaixa no orifício correspondente.
  • Diga o nome da forma da peça manuseada pela criança e peça-lhe que encontre o respectivo orifício na caixa.
  • Deixe a criança aprender a rodar as mãos e os pulsos ao tentar colocar uma peça na caixa.
A realização desta actividade permite a exploração de um brinquedo, desenvolvendo noções de cor, formas diferentes, orientação espacial e causa-efeito.
Ao longo da actividade dê-lhe tempo e evite as perguntas sem conteúdo.  Comente, nomeie e siga a iniciativa do seu filho.

Crianças de 4 a 6 anos

  • Deixe a crianças praticar e brincar com a caixa de formas sozinha.
  • Crie um jogo em que têm de introduzir as formas na caixa uma de cada vez, o mais depressa possível.
  • Coloque as peças no chão ou em cima de uma mesa e peça à criança para mostrar onde estão as estrelas, os rectângulos, os triângulos, os círculos. Se não conseguir encontrá-los, mostre-lhe quais são e solicite-lhe novamente que os encontre.
Além do vocabulário que adquirem, desenvolvem competências de jogo  em interacção com o outro. 

Brinque... Divirta-se!


Fonte:
"Kit de desenvolvimento da primeira Infância: Guia de actividades", Unicef
Imagens retiradas da mesma fonte.