segunda-feira, 16 de abril de 2012

Dia Mundial da Voz!

Disfonia Infantil 

Ao longo do tempo tenho sentido que existe uma maior sensibilidade para as questões da voz em crianças e cada vez aparecem mais crianças para tratamento.

Uma perturbação da voz é similar em adultos e crianças, contudo a abordagem e os procedimentos terapêuticos são necessariamente diferentes. 

Por norma as crianças estão inseridas em ambientes muito barulhentos e têm tendência para gritar, pelo que é importante que esteja atento às consequências destes abusos vocais.


Existem comportamentos, além de gritar, tais como fazer birras de forma descontrolada, imitar vozes de animais/sons do ambiente, falar muito e/ou muito alto durante longos períodos que constituem maus usos da voz. 

Como pai deverá estar atento à qualidade da voz do seu filho, se é muito rouca, se tem quebras de sonoridade, bem como à necessidade de um teste auditivo. Se tem dúvidas procure um otorrinolaringologista (para conhecer o funcionamento das cordas vocais e verificar alterações orgânicas) ou um terapeuta da fala. 

Ao longo da intervenção terapêutica o terapeuta da fala irá fornecer algumas estratégias, que não têm um cariz proibitivo, mas que pretendem a consciencialização da criança e da família sobre a necessidade em mudar atitudes e adoptar novos comportamentos promotores de boa saúde vocal.



Cuide da sua voz! E cuide da voz do seu filho! 

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Ler é importante! Quando devo começar a usar livros?

Partilhar um livro desde cedo com o seu filho é essencial para potenciar o desenvolvimento da linguagem!
Leia para o seu filho, incentive o gosto pelos livros e pela leitura. Todos os pais se preocupam com o sucesso escolar dos filhos e em como ajudar nesse sentido. Trabalhar a leitura, escolher o livro e o material certo de acordo com a idade poderá ser um factor de bom prognóstico de sucesso escolar posterior. Contudo, tenha atenção que ler não significa apenas ter um livro na mão! Leia, mas leia com gosto e transmita esse gosto ao seu filho. Procure ser criativo e expressivo. Tenha presente que as rimas, as lengalengas, os contos tradicionais, as músicas cantaroladas, muitas vezes pelos avós, têm um peso muito importante na formação inicial das competências leitoras.



Dos 0 aos 6 meses

Escolha livros feitos de cartão grosso, de pano ou plastificados, com páginas que devem ser fáceis de virar. Nesta fase a criança gosta de observar os livros, mostra interesse por imagens muito coloridas e grandes. O bebé leva os livros à boca e estabelece um primeiro contacto com muitos outros objectos.



Imagem retirada deste sítio.



Dos 12 aos 24 meses

Nesta fase o bebé já se senta sozinho e é capaz de agarrar e transportar o livro. 

A criança consegue segurar o livro na posição correcta e dá-o ao adulto para que o leia.

Escolha livros coloridos, com imagens ou fotografias que incluam crianças, brinquedos e objectos do quotidiano. Procure que os livros tenham acções que representem situações familiares, como dormir, comer e brincar, com poucas palavras, basta uma frase por acção.



Imagens retiradas daqui.



 
A partir dos 24 meses

A criança aprende a segurar bem o livro e a virar as páginas entre os dois e os três anos. 
Já procura para a frente e para trás as ilustrações que conhece e que mais gosta. 

Relaciona o texto com a imagem e diz as frases completas de cor, como se estivesse a ler. 

Os livros mais adequados continuam a ser os coloridos, com páginas em cartão ou em papel. 

Procure escolher os livros que têm pequenas histórias sobre crianças e famílias ou com temas como amigos, alimentos ou transportes.







Imagens retiradas daqui

Boas leituras!

Texto baseado no artigo "Os primeiros livros, promoção da leitura dos 0 aos 3 anos" da revista O Nosso bebé, nº 2, edições Goody S.A.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Dia Mundial do Autismo


Num dia em que tanto se fala de Autismo, em que o Azul é a cor que irá iluminar vários monumentos, deixo um texto que não é da minha autoria, mas que decidi partilhar por achar que fala de autismo de uma forma simples, sem definições complicadas e é desmistificador. 

"Mundo Meu

Uma viagem ao universo complexo das crianças autistas


Guiados por Nuno Lobo Antunes, neuropediatra, e Teresa Brandão, consultora científica no centro CADIN, procuramos conhecer melhor o autismo na infância. Entre connosco no mundo das crianças autistas e compreenda-as melhor.
Estima-se que, em todo o mundo, cerca de cinco em cada dez mil crianças sofre de autismo, patologia que se traduz no défice cognitivo e perturbações comportamentais, de sociabilização e linguagem, com reflexo no seu comportamento.
Especialistas afirmam que resulta de uma perturbação do desenvolvimento do sistema nervoso que afeta o funcionamento cerebral a vários níveis e que ocorre ainda antes do nascimento. A diversidade de diagnóstico, tanto pelas áreas afetadas como pela gravidade, justificam a designação de perturbações do espectro do autismo.
A sua origem é complexa. Parte da responsabilidade recai sobre os genes, mas o autismo pode estar igualmente associado a rubéola materna, doenças metabólicas ou a síndrome do X frágil, este último talvez uma das explicações para que quatro em cada cinco casos sejam do sexo masculino.
Ter já um filho com autismo aumenta a probabilidade, como refere Nuno Lobo Antunes, «cerca de três por cento, uma incidência semelhante à que se verifica nos gémeos falsos». «Pelo contrário, nos gémeos verdadeiros a probabilidade de ambos serem autistas pode atingir os noventa por cento. É uma realidade complexa que não implica um gene mas um conjunto de genes», explica.
Definitivamente abandonada está a ideia de que o autismo resulta da falta de carinho materno. Apesar de afetar o comportamento, a sua origem não está nas emoções, como exemplifica o especialista, «não há nenhuma ligação definida entre aspectos emocionais na gravidez e o aparecimento do autismo. É o resultado de uma disfunção cerebral. Nasce-se autista».
Mínimo detalhe
Na maioria das vezes é apenas aos dois, três anos, que o autismo é detectado, pois «envolve dificuldades de sociabilização e comunicação e, antes de ter sido atingido um ano de idade, esses aspectos ainda não estão suficientemente desenvolvidos», afirma o neuropediatra Nuno Lobo Antunes.
Em alguns casos mais raros, a criança pode evoluir normalmente nos primeiros anos, contudo, por norma, este período de desenvolvimento não excede o terceiro ano de vida.  
Nos primeiros meses, as alterações podem ser muito subtis, como a falta de contato ocular com a mãe ao mamar, uma postura demasiado rígida ao colo ou pouca receptividade ao contacto físico. Numa fase posterior, destaca-se a expressão facial ou comportamento fora de contexto, e o pouco interesse por aquilo que a rodeia.
Por exemplo, a criança não aponta, não olha para onde a mãe está a olhar, não chora ou não se defende quando lhe tiram um boneco da mão. Isolamento, dificuldade em interagir com as pessoas, interesses restritos e ações repetitivas são outros indícios que devem colocar os pais em estado de alerta.

Dicionário ilustrado

Um dos principais sinais de alarme surge com a aquisição da linguagem que, nestas crianças, pode ocorrer onze meses mais tarde, sendo que cerca de nove por cento nunca chega realmente a falar. Muitas vezes, a linguagem pode limitar-se à vocalização, ao uso repetitivo ou inadequado de expressões, vocabulário limitado e até à criação de um idioma próprio.
Noutros casos verifica-se uma regressão, ou seja, a criança dizia algumas palavras e deixa de o fazer. A ausência de comportamentos de imitação (peça-chave no desenvolvimento infantil) torna a aprendizagem mais difícil. Um dos trunfos a usar é a memória visual, mais apurada do que a auditiva. Ao ilustrar as palavras com imagens ou desenhos a criança obtém pistas visuais que a ajudam a concentrar-se e a reter a informação. Perguntas como «o que é isto?» são de evitar pois funcionam como fonte de ansiedade.
Manual de ajuda
Brincar ao faz de conta ou fazer jogos de grupo típicos da infância não despertam interesse nestas crianças.
Por vezes, a fraca resposta a estímulos externos leva os pais a pensar que se trata de surdez.
Algumas parecem imunes à voz mas têm sensibilidade extrema a sons comuns como o do telefone, outras possuem um limiar à dor elevado. A percepção sensorial varia, caso a caso.
Com uma capacidade cognitiva, em regra, reduzida (calcula-se que em cerca de setenta e cinco por cento das situações) existem, no entanto, casos em que as crianças autistas têm aptidões fora do comum, como, por exemplo, uma memória acima da média. O autismo caracteriza-se por comportamentos desajustados, repetitivos e pela tendência em seguir rotinas rígidas, o que leva as crianças a sentirem-se perturbadas quando há alterações ao seu ambiente, como uma simples mudança de lugar à mesa.
Organizar um horário em que a sequência de actividades diárias da criança (por exemplo, o cto de levantar-se, tomar banho e vestir-se) esteja representada através de  figuras ajuda a estruturar a sua rotina e a saber que comportamento é esperado em cada situação. 

Actuar logo

Uma intervenção precoce só é possível se houver um diagnóstico precoce. Fazer o acompanhamento médico da criança e alertar o pediatra caso exista uma perturbação de comportamento, comunicação ou sociabilização permitem identificar o problema e encaminhá-la para uma consulta especializada. Visto muitas das alterações comportamentais serem pouco visíveis em termos biológicos ou na estrutura cerebral, o diagnóstico é essencialmente clínico, baseado na observação e avaliação de comportamentos.
Uma vez identificadas as áreas em que a criança apresenta dificuldades, é elaborado um plano de intervenção específico, com base em terapias comportamentais. Embora existam fármacos para combater alguns sintomas associados a esta patologia, como a ansiedade ou a falta de concentração. «Não existem medicamentos, nem vitaminas, que curem o autismo ou que melhorem a capacidade de sociabilização e empatia. Portanto, são utilizadas técnicas comportamentais para tentar minorar e melhorar o comportamento das crianças com perturbações do espectro autista», afirma Nuno Lobo Antunes."