segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

"O que posso fazer para que o meu filho comece a falar?"

Imagem retirada da net

E porque tantas vezes oiço a mesma pergunta, a mesma dúvida e, às vezes, a mesma angústia: "O que posso fazer para que o meu filho comece a falar?", "Porque é que o meu filho quase não fala e o primo já diz tantas palavras?", ... Já falei várias vezes aqui no blog sobre estratégias que promovem a aquisição da linguagem... Estratégias estas que não têm um objectivo de "tratar" ou remediar. Servem para facilitar, estimular o processo de comunicação de forma mais assertiva.

Os pais são pais e é isso mesmo que se pretende que sejam. Contudo, cada vez mais os pais têm necessidade de informação e se preocupam com o desenvolvimento dos seus filhos. Qualquer conselho que possa deixar aqui tem por base a máxima: Passe tempo com o seu filho! Ou seja, brinque no chão, brinque com tempo, dê importância às suas iniciativas, conheça as brincadeiras favoritas e divirta-se genuinamente a brincar! Não encare o brincar como mais uma tarefa nem esteja demasiado ansioso para que o seu filho fale. Há muitas formas de comunicar: valorize-as!

No post de hoje decidi resumir ou digamos juntar as Estratégias que promovem a Aquisição da Linguagem que já fui abordando em diferentes publicações do blog. Aqui ficam elas:

Minimize as questões directas. Colocar questões do tipo "O que é isto?" ou "O que queres?", numa fase inicial, tornam-se complexas para a criança. Assim, questões e ordens deverão ser evitadas até que exista maior domínio linguístico.

Comente. Siga a criança, observando o que ela faz e fazendo comentários, como se fosse um "diálogo interno". Use conceitos que a criança possa aprender! (ex.: "é a bola", "A Maria está a comer o pão") Os comentários sobre as acções que a criança faz facilitam o desenvolvimento da linguagem.

Espere a vez. Na interacção mostre com uma antecipação visual clara que espera a vez do seu filho participar na interacção. Sempre que a criança fizer um esforço para corresponder a essa expectativa deve ser recompensada. Essa expectativa pode ser promovida das seguintes formas:
- estabelecer contacto visual (se necessário tocando na cara da criança para a virar para si);
- virar a cabeça e o corpo na direcção da criança;
- colocar as sobrancelhas ligeiramente tensas.

Crie situações de comunicação. Encoraje a criança a comunicar espontaneamente criando situações que provoquem essa necessidade. Não antecipe tudo o que ela precisa: leve-a a sentir necessidade de pedir aquilo que quer (ex.: coloque alguns dos brinquedos que ela mais gosta em locais que ela os veja mas não consiga pegar neles sozinha; nem sempre "perceba" logo o que ela quer, finja que não entende e dê-lhe o que ela pediu se ela fizer um som semelhante à palavra).

Use e abuse de gestos e expressões faciais.  O gesto e o movimento são facilitadores ou encorajadores do discurso: capte a atenção da criança com os gestos que faz. Pense em gestos do dia a dia para associar às situações do dia-a-dia. Procure mimar as canções infantis.

Modele formas de comunicar, apresentando um modelo daquilo que a criança deverá dizer. Procure ser um modelo adequado de linguagem em vez de corrigir directamente os erros. Lembre-se que ser constantemente corrigido é frustrante para a criança. Enquanto damos o modelo demonstramos uma atitude afirmativa. Pelo contrário, a correcção mostra que apenas estamos focados nos erros comunicativos e não na sua intenção de comunicar. Procure repetir o que a criança disse de forma correcta e clara.

Reduza a extensão das afirmações: utilize frases curtas sempre que estiver a falar com a criança ou a comentar as suas actividades. Desta forma irá maximizar a compreensão bem como modelar algo que espera que a criança seja capaz de imitar no nível de desenvolvimento de linguagem em que se encontra. Por exemplo, se a criança ainda não é capaz de usar palavras, procure usar maioritariamente palavras ou frases muito curtas; se ela utiliza frases com duas palavras, tente que o seu discurso não tenha frases demasiado grandes. Tente aproximar-se do nível dela, mas uma escadinha acima!

Use um tom, ritmo e volume exagerado: ajuda a captar a atenção da criança. A entoação e volume exagerados facilitam o contacto. Utilize lengalengas, canções infantis, mas deixe espaço para que a criança participe com uma palavra (como na canção "atirei o pau ao gato", deixar que seja a criança a dizer "miau" no final; não se esqueça de criar expectativa neste momento).

Faça sons que acompanhem a actividade física ou as brincadeiras (exemplo: "pi pi" enquanto brinca com o carrinho, faça saltar uma bola enquanto diz "Pim, pim, pim", "Cu-cu", "Aaaaaaa", etc.).

Reforce o contacto visual: olhe para a criança, pois isso é crucial para facilitar a comunicação. Olhe para os olhos da criança e encoraje-a para que faça o mesmo.

Reforce qualquer esforço: para promover e reforçar a comunicação espontânea, deve reforçar toda e qualquer tentativa ou esforço da criança. Não ignore as suas iniciativas comunicativas. Procure responder sempre de alguma forma, verbalmente ou não, mas valorize o esforço da criança para comunicar, mostrando-lhe que é importante para si que ela o faça.

Coloque questões que impliquem acções, tais como "Onde está o nariz da Maria?", acompanhe a resposta da criança com pequenas expressões: "Tá aqui!". Pode também esconder um objecto e dizer "Não há" com gesto em simultâneo. Quando o encontrarem pode aproveitar a atenção da criança para nomear o objecto (exemplo: "É o pato!").

Valorize qualquer som espontâneo que a criança faça: repita-o e brinque com esse som, exagerando-o, mimando-o ou entoando uma música.

Leve a criança a pedir "mais" (exemplo: colocar a criança nas pernas e brincar "ao cavalinho" nos joelhos, parar, dizer "mais" com entoação como se fosse uma pergunta, e esperar a resposta da criança para recomeçar. Faça o mesmo com outras brincadeiras. )  

Divirta-se: fale com a criança de uma forma calma, com um tom e um ritmo agradáveis. Sorria sempre que possível.  Ajude a criança a associar uma boa sensação à comunicação. Seja um pai tranquilo e imaginativo :)

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