quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012


Intervenção precoce

De uma forma geral, os pais são os primeiros a perceber a necessidade de Intervenção Precoce (IP) seja a que nível for com os seus filhos, ainda que possam não saber a quem se dirigir. São eles que passam mais tempo com as crianças e que os conseguem caracterizar melhor.

Contudo, nem sempre é assim e, por vezes, a criança poderá encontrar-se em risco ambiental, ou seja, as experiências poderão ser significativamente limitadas durante os primeiros anos de vida, particularmente em áreas como a ligação com a mãe, organização familiar, cuidados de saúde, nutrição e oportunidades de estimulação em termos físicos, sociais e de adaptação. Estes factores estão fortemente correlacionados com a probabilidade de atrasos no desenvolvimento.

Neste sentido, os profissionais que contactam esporadicamente com as crianças deverão ter presente a importância da detecção precoce (enfermeiros, médicos, educadores, professores,…).   

Desde o momento da concepção até à idade pré-escolar, o desenvolvimento ocorre num ritmo não comparável a qualquer outro período da vida. Assim, o desenvolvimento humano precoce é, simultaneamente uma fase de grande vulnerabilidade e de grande oportunidade, em que ocorrem mudanças físicas e mentais constantes. Estas mudanças constituem os alicerces para o funcionamento da pessoa enquanto adulto e para a maximização do seu potencial para uma vida em toda a sua plenitude.
São vários os autores que referem que o grau de qualidade do ambiente educativo influencia o efeito dos factores de risco biológico no desenvolvimento e, desta forma, fica evidente a importância de providenciar estratégias de intervenção desenvolvimentais que favoreçam e modifiquem o ambiente.
Assim, a importância da IP na prevenção das perturbações do desenvolvimento deixa de estar em causa, colocando-se a questão acerca dos factores que tornam o programa de intervenção eficaz. Dentro destes factores, a detecção precoce é sem dúvida dos mais referenciados.

(imagem retirada da net)

Essencial e determinante, é relembrar também que a prevenção é melhor do que a intervenção, e a IP é melhor do que a remediação.

Quando se providenciam medidas de IP, temos a consciência de que estamos a prevenir problemas escolares, de aprendizagem e comportamentais da criança. Problemas de desenvolvimento e do comportamento são, com frequência, observados por profissionais de saúde. A identificação e referenciação destes problemas são fulcrais para que seja providenciada intervenção apropriada e atempada. Contudo, o que se verifica é que tal não acontece. À clínica chegam frequentemente crianças com 5/6 anos com Perturbações da Comunicação e Linguagem, pelo que nos questionamos com frequência como teria decorrido a intervenção se tivesse começado mais cedo.

A competência que a criança tem em qualquer ponto do seu desenvolvimento precoce, quer a tenho atingido por processos de desenvolvimento normais ou com recurso à IP, não está linearmente relacionada com a sua competência posterior na vida. Para conseguirmos predizer o futuro desenvolvimento do indivíduo, necessitamos de ter em atenção os efeitos que o ambiente social e familiar da criança têm, actuando de modo a aumentar a continuidade do curso desenvolvimental positivo. Os programas de IP não conseguem ter sucesso se as alterações alcançadas se dão unicamente na criança (Sameroff e Fiese, 1990, in Peixoto, V., 2007).

De acordo com o Despacho-Conjunto Nº 891/99, de 10 de Outubro, a IP visa:
a)      Assegurar condições facilitadoras do desenvolvimento da criança com deficiência ou em risco de atraso grave do desenvolvimento;
b)      Potenciar a melhoria das interacções familiares;
c)       Reforçar as competências familiares como suporte da sua progressiva capacitação e autonomia face à problemática da deficiência.
(Fonte: PEIXOTO, V. (2007) Perturbações da Comunicação – Importância da detecção precoce. Edições Universidade Fernando Pessoa.)

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