Intervenção precoce
De uma forma geral, os pais são os primeiros a perceber a necessidade
de Intervenção Precoce (IP) seja a que nível for com os seus filhos, ainda que
possam não saber a quem se dirigir. São eles que passam mais tempo com as
crianças e que os conseguem caracterizar melhor.
Contudo, nem sempre é assim e, por vezes, a criança poderá
encontrar-se em risco ambiental, ou
seja, as experiências poderão ser significativamente limitadas durante os
primeiros anos de vida, particularmente em áreas como a ligação com a mãe,
organização familiar, cuidados de saúde, nutrição e oportunidades de
estimulação em termos físicos, sociais e de adaptação. Estes factores estão
fortemente correlacionados com a probabilidade de atrasos no desenvolvimento.
Neste sentido, os
profissionais que contactam esporadicamente com as crianças deverão ter
presente a importância da detecção precoce (enfermeiros, médicos, educadores,
professores,…).
Desde o momento da concepção até
à idade pré-escolar, o desenvolvimento ocorre num ritmo não comparável a
qualquer outro período da vida. Assim, o desenvolvimento humano precoce é,
simultaneamente uma fase de grande vulnerabilidade e de grande oportunidade, em
que ocorrem mudanças físicas e mentais constantes. Estas mudanças constituem os
alicerces para o funcionamento da pessoa enquanto adulto e para a maximização
do seu potencial para uma vida em toda a sua plenitude.
São vários os autores que referem
que o grau de qualidade do ambiente educativo influencia o efeito dos factores
de risco biológico no desenvolvimento e, desta forma, fica evidente a importância
de providenciar estratégias de intervenção desenvolvimentais que favoreçam e
modifiquem o ambiente.
Assim, a importância da
IP na prevenção das perturbações do desenvolvimento deixa de estar em causa,
colocando-se a questão acerca dos factores que tornam o programa de intervenção
eficaz. Dentro destes factores, a
detecção precoce é sem dúvida dos mais referenciados.
(imagem retirada da net)
Essencial e determinante, é
relembrar também que a prevenção é melhor do que a intervenção, e
a IP é melhor do que a remediação.
Quando se providenciam medidas de
IP, temos a consciência de que estamos a prevenir problemas escolares, de
aprendizagem e comportamentais da criança. Problemas de desenvolvimento e do
comportamento são, com frequência, observados por profissionais de saúde. A
identificação e referenciação destes problemas são fulcrais para que seja
providenciada intervenção apropriada e atempada. Contudo, o que se verifica é
que tal não acontece. À clínica chegam frequentemente crianças com 5/6 anos com
Perturbações da Comunicação e Linguagem, pelo que nos questionamos com
frequência como teria decorrido a intervenção se tivesse começado mais cedo.
A competência que a criança tem
em qualquer ponto do seu desenvolvimento precoce, quer a tenho atingido por
processos de desenvolvimento normais ou com recurso à IP, não está linearmente
relacionada com a sua competência posterior na vida. Para conseguirmos predizer
o futuro desenvolvimento do indivíduo, necessitamos de ter em atenção os
efeitos que o ambiente social e familiar da criança têm, actuando de modo a
aumentar a continuidade do curso desenvolvimental positivo. Os programas de IP
não conseguem ter sucesso se as alterações alcançadas se dão unicamente na
criança (Sameroff e Fiese, 1990, in Peixoto, V., 2007).
De acordo com
o Despacho-Conjunto Nº 891/99, de 10 de Outubro, a IP visa:
a)
Assegurar condições facilitadoras do
desenvolvimento da criança com deficiência ou em risco de atraso grave do
desenvolvimento;
b)
Potenciar a melhoria das interacções familiares;
c)
Reforçar as competências familiares como suporte
da sua progressiva capacitação e autonomia face à problemática da deficiência.
(Fonte:
PEIXOTO, V. (2007) Perturbações da
Comunicação – Importância da detecção precoce. Edições Universidade
Fernando Pessoa.)
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