quinta-feira, 8 de março de 2012

Uma escadinha acima...


De uma forma geral os pais conseguem fazer um desnível em relação às competências evidenciadas pelos seus filhos e o modelo que lhe vão dando. Contudo, nem sempre o desenvolvimento da linguagem surge nas fases esperadas e, algures neste percurso, vai-se perdendo esta naturalidade. 

Tinha falado aqui no conceito de "expansão semântica" e pareceu-me que não ficou muito claro, por isso decidi dar um exemplo:
  
A criança olha para o carro do pai e diz: "Popó!". Neste caso a mãe pode acrescentar: 
    
"O popó do papá!" ou "O popó é grande".

O adulto não deverá ultrapassar 3 a 4 palavras acima do enunciado produzido pela criança, para ser entendido  e servir de modelo optimal. Quantas vezes não acontece de falarmos tanto que a meio as crianças já nem estão a prestar atenção? "Falar muito" com a criança em determinadas fases deve ser doseado e deve existir tempo para que ela também possa responder.

Esta extensão pode ocorrer a nível gramatical, através do uso de palavras funcionais, tendo presente a noção de que estas custam mais a ser assimiladas. Exemplo: se a criança usa a palavra "bola", o cuidador poderá usar:
 "a tua bola", 
"a bola no cesto", 
"bola fora do campo", ... 


Outra questão que me fazem com frequência é se se deve usar ou não infantilismos, como "papa", "popó" ou outros. Numa primeira fase, tanto o cuidador como o bebé dirão "popó" e deve encorajar este tipo de infantilismos. Ao fim de algum tempo, verá que a criança já usará com um certo à-vontade esta palavra, por isso deverá propor uso do modelo adulto. Assim, quando o seu filho diz "popó" repita "popó" para reforçar e em seguida acrescente "o carro", juntando-lhe o modelo adulto do mesmo conceito. 
Só após este fase é que se permita a usar sempre a palavra adulta, pois agora ele saberá que têm o mesmo significado. 



Imagens retiradas da Internet. 
Fonte: 
Rigolet, S. (2006) Para Uma Aquisição Precoce e Optimizada da Linguagem. Porto Editora. 

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